«A arredor de case dúas leguas francesas da cidade de Santiago de Galiza, saíron fóra cara á chegada do duque e da duquesa o clero todo da cidade portando dignas reliquias, cruces e mais gonfalóns homes, mulleres e rapaces, traendo os homes con eles as chaves da cidade, que presentaron con semblante de boa vontade para o duque e a duquesa (non sei se o finxían ou era certo), e axeonlláronse todos, acolléndoos como seu señor e señora.
» Carnes e viños fortes atopaban abondo, dos que bebían en especial os arqueiros, e tanto bebían que os máis dos días se deitaban totalmente bébedos. E moitas veces, ao beberen demasiado — pois era o tempo da vendima — andaban os máis esfurricados, e pola mañá doíalles tanto a testa que non se daban remexido no día todo».
Jean Froissart é um dos mais importantes referentes no estudo da baixa idade média. A sua longa crónica da Guerra dos Cem Anos recolhe as campanhas militares na nossa terra, em duas ocasons: quando o filho do Príncipe Negro estivo a ponto de ser Rei da Galiza, e quando o seu irmão o Rei John of Gaunt reclamou também o trono para si, em aliança com Portugal e em oposição a Espanha.
Nesta excelente traduçom comentada de Henrique de Harguindey podemos constatar a relevância da Galiza no contexto geopolítico medieval: a sua existência, em boa medida, como um conceito oposto a essa Espanha que designa ainda o território historicamente sob governo muçulmano, as suas difusas fronteiras culturais que chegam a Melgaço e Castela, ou a sua principalidade entre os reinos peninsulares. Podemos ver o espírito cavaleiresco baixomedieval e as façanhas de armas arredor das vilas galegas — mas também as formas de viver do povo alheio a um conflito de elites.
Harguindey revisita para nós esta tradución que xa foi no seu momento publicada gratuitamente no seu blogue, Palabras Desconxeladas. Alén de correxir alguns detalles, esta edición acrescenta comentários atualizados à luz de outros trabalhos feitos neste eido, e incorpora um prólogo de Anselmo López Carreira.